Eu bem que estou farta de reclamar da mola da porta do prédio ser muito forte e impedir que a porta se feche rapidamente (no meu passo descontraído, estou prestes a chegar ao 1º andar quando a porta se fecha). Isto porque habita, no Castelo de Xavier, uma gatinha destemida e aventureira que já está habituada a passear na rua, de trela, e conhece as redondezas, e aproveita oportunidades raras de porta de casa aberta para dar uma escapadela até ao sótão ou até às garagens. Desconfio que ela tem a capacidade de se tornar invisível e, apesar de ter melhorado imenso os meus reflexos e aumentado a minha rapidez de reacção, não posso fazer nada quanto ao dom da invisibilidade. De modos que hoje, quando saía com uma amiga para tomar café, a dita-cuja apanhou a porta aberta uns nano-segundos a mais e zzzut! lá foi ela. Pelo sim pelo não, chamei-a na escada, mas a minha amiga jurou que a tinha visto, que tinha ficado a dormir. Também, se andasse nas escadas, não havia problema e ao fim de semana o prédio é muito sossegado. Mas... ela apanhou a porta do prédio a fechar-se devagar, e saiu para a rua. Deve ter-me seguido durante um bocado e ficou a entreter-se pelo caminho, subindo a árvores. Era pouco provável atravessar a estrada, tem bastante medo de carros. Voltei para casa após o café tomado e, dado que nenhum dos dois apareceu, presumi que estivessem a dormir juntos em qualquer sítio. Voltei a sair e, no regresso definitivo com compras do hiper, voltaram a não aparecer. Servi a comida e apareceu logo o Kyikoo - coisa de estranhar, ele vem SEMPRE depois da Chamarrita. Resolvi procurá-la pela casa, ela por vezes esconde-se nos lugares mais improváveis mas rebusquei os lugares mais esquisitos e ela não apareceu. E a comida na taça - ela tem muito bom apetite - também não a atraía. Só podia estar na rua. Estremeci e saí à procura dela. Chamei, pelos locais de passeio habituais, para o cimo das árvores (quem me visse a falar com árvores pelo caminho...), e nada. Voltei a casa e certifiquei-me, uma vez mais, que não estava. Então comecei realmente a preocupar-me, e voltei a sair. Encontrei um vizinho, taxista, acabado de chegar, no prédio ao lado, e perguntei se não tinha visto uma gata branca malhada. Respondeu que não, que tinha acabado de chegar, e quando ia abrir a porta do prédio... MIAAAAU! Ela tinha-se enganado no lote :P, saiu a correr, trepou a uma árvore, desceu, deu uma corrida por debaixo dos carros e lá veio ter comigo, para lhe pegar ao colo e logo começar a estrebuchar para sair dele. Aliviada, e com a gata já de cabeça para baixo, tentando escapulir-se do colo, forcei a porta do prédio a fechar mais depressa (porcaria da mola), porque a Chamarrita já se impacientava e bufava, e lá correu ela escadas acima, direitinha à porta, CHEIA DE FOME.
Empanturrou-se e agora dorme tranquilamente no meu colo, embalada pelos movimentos que faço a digitar.
Foi um susto... Estou a ver que vai ter de usar coleira, ainda que não lhe agrade nada. Mas o Kyikoo não sai de casa, e gosta de usar a coleira, embora eu raramente a coloque por ser impedimento para a harmonia das festas (a mão chega ali e pára). Mas a Chamarrita Pandeireta, com este feitio de Amazona, vai ter de a usar, ah vai vai!
É mesmo Pandeireta da cabeça aos pés!