7.1.08

cartas de lugar nenhum





Rebuscando algo sobre "cuidado com a gata" encontrei este blog brasileiro, que faz estremecer de sorriso. Sabe bem!

Também me surpreendi com a poesia. A poesia dos gatos. Acho que era Vinícius de Moraes quem dizia que um gato é poesia em movimento, não me lembro bem. Não interessa.

Aqui o castelo de Xavier começa a ser reconstruido, entre o ano novo português e o ano novo chinês. Ontem à noite ergui duas paredes e um muro e pintei de branco brilhante o umbral da porta dos arrumos (quase ex-wc, que ainda tem sanita e bidé; o lavatório dá jeito para as pinturezas...).
A placa de cerâmica que diz "xixis e cocós" será colada na porta da casa de banho de nosso uso, mas na parte de dentro, por baixo dos roupões. É que foi a minha Amiga que me a deu, emana a Sua bondade e amor incondicional de quem apenas não é unida pelo sangue que se mostra quando nos ferimos.
A cama será, provavelmente, repintada com lilases, rosas-chá, verdes secos e marfins dourados. Em triunfo descerá da escuridão do sótão para onde foi exilada já nem sei em que mudanças.

Como nós, uma casa, um quarto, reconstrói-se dia a dia. Sempre o mesmo espaço, idas e vindas de objectos, novas cores, novas roupagens, desta vez os móveis serão idealmente distribuidos, sempre desta vez, até que um dia se inicia a última obra, os últimos reparos, até que um dia já nada interessa e apenas a memória de um lugar que, na despedida já levemente saudosa, se tornou - pelas descontruções que a própria memória executa - a imagem do que somos por dentro e que continuaremos, até que se acabe a eternidade desta vida, a procurar realizar fora de nós.

Ainda não encontrei nenhuma placa pré-feita, gira, a avisar que a gata é a guardiã deste castelo, a sua rainha-guerreira.

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