31.1.08

para todas as mulheres sós

24.1.08

OBJECTIVOS INDIVIDUAIS, por Teresa Martinho Marques



OBJECTIVOS INDIVIDUAIS

Agora que o ano começa,
E para que comece bem,
Vou fazer uma promessa
Ao meu pai e à minha mãe:
Cumprirei os cem por cento do meu serviço lectivo,
Os mui nobres objectivos do apoio educativo,
O serviço não lectivo, sempre de olho bem vivo,
Para ter pontuação máxima do conselho executivo.
Serei a melhor a melhorar, os resultados de alunos,
E nunca mais dormirei, se isso significar, provar por A+B
Que sou eu quem mais consegue abandonos evitar.
E ainda, coisa pouca, vou participar que nem louca,
Na vida do agrupamento, actividades e festas,
Projectos curriculares, extracurriculares,
Tudo o que me ordenem chefes e titulares,
Andarei em roda-viva, somando pontos à toa,
Não quero que nada me escape, que eu cá sou muito boa
E bem pouco dada a ais,
Quando defino e cumpro objectivos pessoais.
Serei moça empenhada,
Cheia de qualidade na minha participação,
E não haverá nenhum chefe
Que não repare em mim e em toda esta dedicação.
Já nos órgãos de gestão, estruturas de orientação,
Função de avaliador, de mestre coordenador, pontitos não posso ter...
Não quis ser titular e portanto por aí, não há nada a fazer
Mas livro-me, sim senhor, de ser bem investigada,
Com pormenor e rigor, pelo senhor inspector.
Promessas p’rá formação, não sei se as posso fazer,
Com o trabalho do mestrado não me sobra qualquer tempo,
Mesmo que durma pouco e ande sempre a correr...
Mas tentarei, ind’assim, ter máxima pontuação,
Na avaliação de projectos, dos de investigação,
Cheios de inovação da coisa educativa,
Que eu por mais que me sufoquem,
Esbracejo e venho à tona, tentando ser criativa.
Prometo relacionar-me, com toda a cordialidade,
Com todos e mais alguns, escola e comunidade,
Ter sempre o máximo dos pontos, sorrir a sérios e tontos,
Desenvolver contra a náusea, toda a minha imunidade.
E preparar, organizar, realizar as actividades lectivas,
Para que o chefe me dê, sempre sem hesitar,
Os quatro máximos pontos,
Seja qual for o parâmetro que esteja a considerar,
Cumprir objectivos, programas, tudo correcto sem falhas,
Disfarçando bem as gralhas,
Usar muitos materiais,
Ter em ordem dossiers e estimular tudo mais,
Mesmo agora sem ter tempo para as aulas preparar.
E para ele me pontuar, maximizando o número,
A relação pedagógica, nas aulas que for visitar,
E se convencer também que sou boa a avaliar,
Recorrerei ao açúcar, chocolates, rebuçados,
Gelados e mais recompensas, promessas e ameaças,
Feitiços e outras graças que eu não sou de brincadeiras,
Ou bem que os miúdos ajudam, p’ra ninguém me mal grelhar,
Ou bem que se fritam eles se não querem ajudar.
E na auto-avaliação direi o melhor de mim
Que se a gente não se amar,
Quem de nós irá gostar tanto, tanto, tanto assim?
No fim de tudo isto, se não garantir um excelente,
Porque não há lugar na cota e é inconveniente,
Morderei de novo a raiva, farei um sorriso contente
Será melhor prevenir, despeço-me por mais dois anos,
Na esperança do que há-de vir,
Que a coisa definhe e morra de enfarte e estupidez
E que eu sobreviva à dita,
Sem ter ferido o amor que aqui me trouxe e me fez
De alma e coração, acordada e alerta,
Contra todos os absurdos, sem me vergar com a dor
Defender com toda a força,
A coisa séria que é isto de ser professor.
Agora que o ano começa,
E para que comece bem,
Vou fazer uma promessa
Ao meu pai e à minha mãe:
Prometo ser forte e lutar para que o pesadelo descrito
Não me afogue a inteligência,
Não me contamine o corpo,
Não me deforme o sorriso,
Nem me impeça de sonhar...

Teresa Martinho Marques
in, Correio da Educação
N.º 320 | 07 de Janeiro de 2008

http://www.asa.pt/CE/

21.1.08

Música



Deslumbrante, mágico e venerável. Eis Stephan Micus.

13.1.08

faz hoje 9 anos que partiste...



(para o meu João Padrinho)

11.1.08

Terra Pura



Crónicas da Terra

Muito bom!

Panthera Felis



Chamarrita Pandeireta

(Feliz ano novo, Sr. José Medeiros!)

10.1.08

Tenho tantas saudades tuas...

JANUS


JANUS

7.1.08

hm?




Reparo agora como a amora tem um narizito "akoalado"....

cartas de lugar nenhum





Rebuscando algo sobre "cuidado com a gata" encontrei este blog brasileiro, que faz estremecer de sorriso. Sabe bem!

Também me surpreendi com a poesia. A poesia dos gatos. Acho que era Vinícius de Moraes quem dizia que um gato é poesia em movimento, não me lembro bem. Não interessa.

Aqui o castelo de Xavier começa a ser reconstruido, entre o ano novo português e o ano novo chinês. Ontem à noite ergui duas paredes e um muro e pintei de branco brilhante o umbral da porta dos arrumos (quase ex-wc, que ainda tem sanita e bidé; o lavatório dá jeito para as pinturezas...).
A placa de cerâmica que diz "xixis e cocós" será colada na porta da casa de banho de nosso uso, mas na parte de dentro, por baixo dos roupões. É que foi a minha Amiga que me a deu, emana a Sua bondade e amor incondicional de quem apenas não é unida pelo sangue que se mostra quando nos ferimos.
A cama será, provavelmente, repintada com lilases, rosas-chá, verdes secos e marfins dourados. Em triunfo descerá da escuridão do sótão para onde foi exilada já nem sei em que mudanças.

Como nós, uma casa, um quarto, reconstrói-se dia a dia. Sempre o mesmo espaço, idas e vindas de objectos, novas cores, novas roupagens, desta vez os móveis serão idealmente distribuidos, sempre desta vez, até que um dia se inicia a última obra, os últimos reparos, até que um dia já nada interessa e apenas a memória de um lugar que, na despedida já levemente saudosa, se tornou - pelas descontruções que a própria memória executa - a imagem do que somos por dentro e que continuaremos, até que se acabe a eternidade desta vida, a procurar realizar fora de nós.

Ainda não encontrei nenhuma placa pré-feita, gira, a avisar que a gata é a guardiã deste castelo, a sua rainha-guerreira.

3.1.08

para a Sunshine






Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo,
E ao beber nem recorda
Que já bebeu na vida,

Para quem tudo é novo

E imarcescível sempre.

Coroem-no pâmpanos, ou heras, ou rosas volúteis,

Ele sabe que a vida

Passa por ele e tanto

Corta à flor como a ele

De Átropos a tesoura.

Mas ele sabe fazer que a cor do vinho esconda isto,
Que o seu sabor orgíaco
Apague o gosto às horas,

Como a uma voz chorando

O passar das bacantes.

E ele espera, contente quase e bebedor tranquilo,

E apenas desejando
Num desejo mal tido
Que a abominável onda

O não molhe tão cedo.

19/06/1914
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Ricardo Reis

2.1.08



"There is no difference between you and I. In fact you can say that there is no you and I. That means we are one in mind, body and spirit. Everything else is a trick to seperate us from one another. Mankind has forgotten that the spirit resides within us, not in words and books that can be mistranslated from there original spririt. Now that we have awakened we are not mistaken. We have come home to our original enlightenment that we are all Buddhas."

Namo Shakyamuni Buddha