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Senti-me viva, outra vez.. Foi como se despertasse de um longo torpor. À minha volta, cento e vinte mil colegas manifestavam o nosso pesar num silêncio que estremeceu o centro de Lisboa. Hoje, o dia em que a "minha" escola completou 23 anos de idade, a massa de docentes que marchou na baixa pombalina, desde o Terreiro do Paço até à Rotunda do Marquês, fez o melhor bolo de aniversário de todos os tempos. "em cada esquina um amigo", mas éramos muitos mais do que as esquinas que se podem contar num dia de Novembro em que o céu carregado sobre a cidade reconstruída após o grande terramoto recuou, com a força do nosso sopro - mas a Ministra da Educação não.

A Ministra da Educação diz que nada vai mudar.

A Ministra da Educação é como uma rolha boiando ao lado de um pesado tijolo, obstruindo e entupindo o Sistema de Evacuação que permite que os detritos sejam eliminados. A política da Ministra da Educação é um autoclismo que não funciona e, se posto em prática, provoca um inevitável transbordo mas, se avariado, apenas adia lentamente o derrame. E o Primeiro-Ministro teima em cerrar os olhos. Mas o tijolo, como os pés de um certo ídolo, é feito de barro; qualquer técnico de engenharia, qualquer "trolha" sabe: o barro acabará por ceder, e rolha que se preze acaba por um dia emergir... e ser levada quando a sanita transbordar, sendo arrastada, sempre à tona. Impedida de afundar-se, de se diluir, será apenas mais um detrito - ainda que totalmente inesperado -, uma rolha suja flutuando.